Fonte: Portal Arcos
A abertura da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência de 2024 com o Desfile da Fanfarra da Associação de Pais e Amigos de Arcos (APAE), aconteceu nessa quarta-feira (21).
Os assistidos partiram da Avenida Magalhães Pinto e alegraram as ruas até a Fundação Municipal de Saúde (FUMUSA), de onde seguiram para a Praça do Vivi.
Dona Maria Auxiliadora Martins aguardava o filho, Samuel, para o desfile. Samuel tem 24 anos e frequenta a APAE desde os 2 anos. É um rapaz que mistura alegria e seriedade. Não quis foto, mas mostrou um divertimento contagiante durante todo o percurso.
Maria, uma mulher de muita força e história para contar, narrou com brilho nos olhos a trajetória do filho. Segundo ela, frequentar a instituição desde pequeno foi muito importante para o desenvolvimento de Samuel. “Ele aprendeu muita coisa na APAE e gosta muito de estar lá. Ele é muito inteligente. Mexe na internet quando está em casa, pesquisa coisas”, declara.
Ela fala que Samuel gosta muito de festas e sempre que vão para a casa da filha, em Divinópolis, ele fica animado e “passeia por todos os lados da cidade”, o que mostra a importância da participação da família no desenvolvimento da pessoa com deficiência.
Somos pessoas diversas, com particularidades que nos tornam únicas e diferentes umas das outras. Ainda assim, precisamos entender que quando se trata de direitos e leis, é preciso que todas as pessoas sejam tratadas com o mesmo respeito e dignidade.
A diretora da Apae, Marlene da Costa Souza, pedagoga, pós-graduada em neuropsicopedagogia institucional e clínica e educação especial e inclusiva pelo Centro Universitário Internacional Uninter, falou com o Portal Arcos sobre esse tema tão importante.
Marlene fala da falta de informação da sociedade em relação à pessoa com deficiência. Segundo ela, existe uma invisibilidade relatada pelos pais em lojas, supermercados; além da incapacidade de entendimento das limitações que causam crises em autistas, por exemplo. “As pessoas veem como birra, má educação. Mas não entendem que por trás dessa desestabilização há um diagnóstico”, relata.
Quanto a saúde da pessoa com deficiência, a diretora chama a atenção sobre as políticas públicas voltadas para essas pessoas: “pessoas atípicas demandam uma maior atenção à saúde que pessoas típicas. Elas necessitam de um tratamento frequente que muitas vezes não é ofertado ou é ofertado com uma baixa qualidade. Isso acaba atrapalhando o desenvolvimento e melhoria no quadro do diagnóstico da pessoa. Falta muito a ser feito e é essa nossa luta além de combater o preconceito”.
No ambiente profissional, Marlene comenta que as empresas, no geral, apenas preenchem as cotas que precisam ser cumpridas por lei: “Eu observo que, apesar de muitas empresas estarem abraçando essa causa, existe um desinteresse na contratação devido à muitas pessoas com deficiência terem suas limitações, serem mais lentas no aprendizado e na execução de funções. Essa é mais uma questão que tentamos conscientizar porque, apesar de suas dificuldades, elas têm o mesmo direito das pessoas típicas. Por isso elas podem e devem ser inseridas no mercado de trabalho”, explana.
A Federação das APAEs conta com o Conselho de Autodefensoria que, segundo Marlene, faz um trabalho muito importante junto às famílias da pessoa com deficiência. Ela explica que eles atuam no auxílio ao entendimento dos familiares e dos próprios PCD’s, pois apesar de terem suas limitações são capazes de se desenvolver e se manter: “Desde que seu momento de aprendizado seja respeitado, que sejam vistas pelos pais, professores e profissionais com quem trabalham, elas têm capacidade de levar uma vida normal dentro de suas limitações”.
No quesito acessibilidade, Marlene faz uma ampla observação que ultrapassa os limites arquitetônicos: “Quando se fala de deficiência física, intelectual e múltipla, falamos da pessoa que tem disfunções cognitivas, da pessoa que precisa de acesso de rampas, barras de apoio, cadeirantes, deficientes visuais. Notamos que na nossa cidade, muitos locais, públicos e privados, precisam de adaptação. Mas não é só estruturalmente. Em palestras, por exemplo. Às vezes vemos pessoas com deficiência auditiva que até são convidadas, porém, não há um intérprete de libras para que elas possam participar de fato da palestra. A inclusão vai muito além de barras de apoio e rampas de acesso”, ressalta.
A educação inclusiva traz muitos benefícios aos alunos. Quanto a isso, a diretora deixa claro que é um ponto previsto em lei e explica que um trabalho feito com efetividade e seriedade, pode levar a resultados positivos e satisfatórios não só para os PCD’s, mas para todos os alunos.
Uma grande dificuldade e a principal preocupação da diretora ainda é o “Plano de Trabalho”. Tal plano é anual e, segundo Marlene, o tempo para efetuá-lo pode chegar a dois meses e, ainda assim, as verbas nem sempre são repassadas: “Temos funcionários que trabalham o ano todo, com carteira assinada que precisam ser remunerados. Muitas vezes precisamos organizar eventos e buscar novas alternativas para ter um caixa que nem sempre é o suficiente para efetuar os pagamentos. Promovemos a Noite dos Caldos em parceria com o Sicoob, rifas, a feira de roupas, além do telemarketing onde buscamos por doações. Ainda assim, passamos por muitas dificuldades. Toda a verba adquirida nessas ações fica retida para podermos arcar com essa conta que não fecha com o Plano de Trabalho que contempla apenas alimentação, transporte e folha de pagamento. Coisas como manutenção da infraestrutura do prédio, que é um prédio antigo, revisão dos carros, contas de energia elétrica e água entram no orçamento da APAE. Por isso a gente sempre busca parcerias e o apoio da população para conseguir suprir todos os gastos indispensáveis para a continuidade da instituição”, enfatiza.
Ao final da entrevista, Marlene expõe sua positividade e resiliência na execução de sua função quando diz: “Continuemos na luta, no apoio aos PCD’s para mostrar para a sociedade como é importante o trabalho desenvolvido com essas pessoas que merecem tanto o nosso respeito”.
Cronograma de eventos da Semana PCD
Em 2024, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla ocorrerá no período do dia 21 a 28 de agosto, conforme a lei 13.585/2.017.
Tema: “Nossa História: quem somos e o que fazemos”.
Lema: “Expansão de olhares para uma sociedade melhor”.
(FEDERAÇÃO NACIONAL DAS APAES – FENAPAES).
A semana visa a conscientização da sociedade sobre as necessidades específicas de organização social e de políticas públicas para promover a inclusão social desse segmento populacional e para combater o preconceito e a discriminação.
A Apae de Arcos e cerca de 430 instituições apaeanas estarão unidas com o propósito de expandir os olhares de nossa sociedade.
Diante desse contexto, a Apae de Arcos vem honrosamente a público divulgar nosso cronograma das atividades a serem realizadas por nossa instituição no decorrer dessa solene semana!
Divulgação: Portal Arcos
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